Muito interessante, será que vai ser colocado em prática ??
Por uma
Economia mais Verde
Como falar em
desenvolvimento sustentável quando a pobreza cresce no mundo
O Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) define a economia verde como
"aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social,
ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e as
carências ecológicas".
A transição da
economia tradicional para a economia verde envolve políticas e investimentos
que desassociam o crescimento do atual consumo intensivo de materiais e
energia. Nos últimos 30 anos, poucos países, como a Alemanha, conseguiram
alguma desassociação, mas os resultados foram modestos para garantir nossa
sustentabilidade.
O Conselho de Administração do Pnuma aprovou o relatório Rumo a uma Economia
Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza, que propõe investir 2%
do PIB mundial em 10 setores estratégicos, para iniciar a transição para uma
economia de baixo carbono e com eficiência de recursos. Os 10 setores
identificados fundamentais para tornar a economia global mais verde são:
agricultura, construção, abastecimento de energia, pesca, silvicultura,
indústria, turismo, transportes, manejo de resíduos e água.
Investir dois por
cento do PIB mundial corresponde, atualmente, a investir 1,3 trilhão de dólares
por ano, o equivalente a 10% do investimento total anual em capital físico. O
relatório do Pnuma propõe um modelo econômico que evitaria riscos,
choques, escassez e crises, cada vez mais inerentes na atual economia de alta
emissão de carbono, e contesta os mitos de que investimentos ambientais são
contrários ao crescimento econômico.
O mundo gasta
atualmente entre 1% e 2% do PIB global em subsídios que contribuem para
intensificar os danos ambientais e ampliar a ineficiência na economia global,
acelerando a insustentabilidade do uso de recursos, tais como combustíveis
fósseis, agricultura, água e pesca. Diminuir ou eliminar estes subsídios
liberaria recursos para financiar a transição rumo a Economia Verde.
Este modelo
econômico é importante para o crescimento e erradicação da pobreza nas
economias em desenvolvimento, onde a natureza ou os recursos naturais respondem
por 90% do PIB de alguns países.
Emprego
A curto prazo, a
queda dos níveis de emprego em alguns setores, como o da pesca, será
inevitável, caso não ocorra a transição rumo à sustentabilidade. O setor
pesqueiro recebe atualmente subsídios de cerca de US$ 27 bilhões por ano, o que
gera uma capacidade de pesca duas vezes maior do que a capacidade dos peixes de
se reproduzirem.
A criação de áreas
marinhas protegidas e a desativação e redução da capacidade das frotas pode
recuperar os recursos pesqueiros do planeta. A captura atual de 80 milhões de
toneladas sofreria uma queda até 2020, mas poderia aumentar para 90 milhões de
toneladas em 2050, de forma sustentável.
O relatório do
Pnuma prevê que o número de empregos "novos e decentes criados" –
desde o setor de energia renovável até o de agricultura sustentável –
compensariam os empregos perdidos na antiga economia de alto carbono.
Custo
ambiental do transporte
Um dos setores
importantes para a cidade de São Paulo é o de transportes. O relatório afirma
que os custos ambientais e sociais dos transportes, em termos de poluição do
ar, acidentes e congestionamento do tráfego, custam atualmente de 10% do PIB de
um país ou região. Recomenda a adoção de políticas, como desde o apoio à
utilização de transportes públicos e não motorizados, até as que promovem a
eficiência de combustíveis e veículos menos poluentes. Na Europa, os
investimentos em transportes públicos rendem benefícios econômicos regionais
superiores ao dobro do seu custo.
O uso dos
combustíveis fósseis recebe mais de 500 bilhões de dólares ao ano em subsídios
governamentais e, segundo o relatório, há evidências de que esses subsídios
raramente atingem os mais pobres. Por outro lado, em 2009, os subsídios para o
desenvolvimento e uso das energias renováveis foram de 10% do total dado aos
combustíveis fósseis.
Produção
e consumo sustentável
O
diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, declarou na ocasião do lançamento do
relatório: “A Rio 2012 surge em um contexto de rápida redução de recursos
naturais e de alterações ambientais aceleradas – desde a perda de recifes de
coral e florestas à crescente escassez de terra produtiva; desde a necessidade
urgente de fornecer alimento e combustível às economias, até os prováveis
impactos das alterações climáticas descontroladas”.
A Economia Verde,
conforme documentado e ilustrado no relatório do Pnuma, proporciona uma
avaliação centrada e pragmática de como os países, as comunidades e as empresas
iniciaram uma transição para um padrão mais sustentável de consumo e produção.
Devemos avançar para além das polarizações do passado, entre desenvolvimento e
meio ambiente, entre Estado e mercado.
Com 2,5 bilhões de
pessoas vivendo com menos de US$ 2 por dia e com um aumento populacional
superior a dois bilhões de pessoas até 2050, é evidente que devemos continuar a
desenvolver e a fazer crescer as nossas economias. No entanto, esse
desenvolvimento não pode acontecer à custa dos próprios sistemas de apoio à
vida na terra, dos oceanos e da atmosfera, que sustentam as nossas economias e,
por conseguinte, as vidas de todos nós.
Economia Verde é
uma resposta à questão de como manter o impacto ecológico das ações da
humanidade dentro dos limites do planeta. Visa relacionar as demandas
ambientais para uma mudança de rumo dos resultados econômicos e sociais – em
particular, o desenvolvimento econômico, o emprego e a igualdade.
Haroldo Mattos de
Lemos, Presidente do Instituto Brasil Pnuma
Fonte: Site FIESP