16 de outubro de 2009
Fonte: O Estado de S. Paulo
Ala do governo defende que País se comprometa apenas com a redução do desmate em 80%.
O Brasil não deve ter meta específica de redução da emissão de CO2 para apresentar na Conferência sobre Mudanças Climáticas em dezembro, em Copenhague. É o que defende a ala majoritária do governo. Para o grupo, o único compromisso que o País deve defender é a redução de 80% do desmatamento - o que automaticamente traz uma redução na emissão projetada para 2020 de 20%.
O porcentual é bem mais acanhado do que os 40% defendidos pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Mesmo assim, o grupo partidário dos 20% - integrado pela Casa Civil, Ministério da Ciência e Tecnologia e Itamaraty - recusa-se a classificar a meta como modesta. A ala prefere chamá-la de realista e livre de riscos de não ser alcançada.
"Começa a haver uma tendência de achar que a meta de 80% do desmatamento - e a consequente redução no ritmo de emissão de CO2 de 20% - é pouca coisa. As pessoas se esquecem que até há muito pouco tempo não havia no governo nem mesmo consenso para redução do desmatamento", disse o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Carlos Nobre. Ele avalia que a meta de redução de 80% no desmatamento não é fácil de ser atingida. Ele observa que, para que a queda seja mantida, é preciso muito mais do que medidas de controle e fiscalização. "Isso demanda uma política de incentivo para outras atividades."
Mesmo com resistência de outras pastas, o MMA não desistiu de ofertar uma meta mais ambiciosa. Ontem, em reunião com técnicos de vários setores do governo na Casa Civil, representantes do MMA argumentavam que Copenhague seria uma oportunidade única para o Brasil negociar financiamentos para programas em áreas de produção de energia limpa, expansão de biocombustível, ampliação de uma política para resíduos. "Agora o Brasil possui até uma posição confortável: tem matriz de energia limpa, há uma gordura para queimar - representada pela redução do desmatamento", conta um dos participantes. Mas ele observa que, passada essa oportunidade, o Brasil terá de enfrentar o problema de emissões com medidas mais sofisticadas. Sem recursos, isso fica muito mais difícil de ser alcançado.
Secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisas de Engenharia, Luiz Pinguelli Rosa avalia que, embora haja uma corrente majoritária dentro do governo, nada está decidido. "Não se trata de uma assembleia. Representantes do governo colhem elementos para apresentar ao presidente Lula. Ele é quem vai decidir", destaca.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou ontem no Rio que as metas de reduzir as emissões em 40% e o desmatamento em 80% serão mantidas ainda que o Brasil cresça de 5% a 6%, como prevê a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O projeto de Minc trabalhava num cenário de 4% de crescimento econômico. Segundo o ministro, técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) contratados para desenhar a nova projeção já têm os novos valores de investimento necessários para manter a meta.
COLABOROU TALITA FIGUEIREDO
Lígia Formenti, BRASÍLIA
Fonte: O Estado de S. Paulo
Ala do governo defende que País se comprometa apenas com a redução do desmate em 80%.
O Brasil não deve ter meta específica de redução da emissão de CO2 para apresentar na Conferência sobre Mudanças Climáticas em dezembro, em Copenhague. É o que defende a ala majoritária do governo. Para o grupo, o único compromisso que o País deve defender é a redução de 80% do desmatamento - o que automaticamente traz uma redução na emissão projetada para 2020 de 20%.
O porcentual é bem mais acanhado do que os 40% defendidos pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Mesmo assim, o grupo partidário dos 20% - integrado pela Casa Civil, Ministério da Ciência e Tecnologia e Itamaraty - recusa-se a classificar a meta como modesta. A ala prefere chamá-la de realista e livre de riscos de não ser alcançada.
"Começa a haver uma tendência de achar que a meta de 80% do desmatamento - e a consequente redução no ritmo de emissão de CO2 de 20% - é pouca coisa. As pessoas se esquecem que até há muito pouco tempo não havia no governo nem mesmo consenso para redução do desmatamento", disse o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Carlos Nobre. Ele avalia que a meta de redução de 80% no desmatamento não é fácil de ser atingida. Ele observa que, para que a queda seja mantida, é preciso muito mais do que medidas de controle e fiscalização. "Isso demanda uma política de incentivo para outras atividades."
Mesmo com resistência de outras pastas, o MMA não desistiu de ofertar uma meta mais ambiciosa. Ontem, em reunião com técnicos de vários setores do governo na Casa Civil, representantes do MMA argumentavam que Copenhague seria uma oportunidade única para o Brasil negociar financiamentos para programas em áreas de produção de energia limpa, expansão de biocombustível, ampliação de uma política para resíduos. "Agora o Brasil possui até uma posição confortável: tem matriz de energia limpa, há uma gordura para queimar - representada pela redução do desmatamento", conta um dos participantes. Mas ele observa que, passada essa oportunidade, o Brasil terá de enfrentar o problema de emissões com medidas mais sofisticadas. Sem recursos, isso fica muito mais difícil de ser alcançado.
Secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisas de Engenharia, Luiz Pinguelli Rosa avalia que, embora haja uma corrente majoritária dentro do governo, nada está decidido. "Não se trata de uma assembleia. Representantes do governo colhem elementos para apresentar ao presidente Lula. Ele é quem vai decidir", destaca.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou ontem no Rio que as metas de reduzir as emissões em 40% e o desmatamento em 80% serão mantidas ainda que o Brasil cresça de 5% a 6%, como prevê a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O projeto de Minc trabalhava num cenário de 4% de crescimento econômico. Segundo o ministro, técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) contratados para desenhar a nova projeção já têm os novos valores de investimento necessários para manter a meta.
COLABOROU TALITA FIGUEIREDO
Lígia Formenti, BRASÍLIA