domingo, 18 de outubro de 2009

Empresa vende R$ 1,3 milhão de crédito de carbono

16 de outubro de 2009


Fonte: O Povo



"A Cerâmica Gomes de Mattos, no Crato, deixou de emitir 114 mil toneladas de CO² na atmosfera entre 2007 e 2008. Esse montante rendeu R$ 1,3 milhão em crédito de carbono vendido ao Banco Mundial."






O esforço para diminuir a emissão de gases poluentes na produção de tijolos, telhas, lajotas e revestimentos cerâmicos possibilitou à empresa Cerâmica Gomes de Mattos, no Crato, vender ao Banco Mundial 114 mil créditos de carbono -uma espécie de moeda ambiental trocada por projetos que promovem a redução do despejamento gás carbono na atmosfera. A transação com a instituição internacional, a primeira realizada por uma empresa do Nordeste, rendeu R$ 1,324 milhão à indústria cearense.

A movimentação fez o Ceará entrar no grande mercado do crédito de carbono, que somente nos últimos quatro anos movimentou mais de US$ 120 bilhões. Esse crédito funciona como uma compensação, uma moeda ambiental que é trocada por projetos que evitam ou promovem a redução de emissão de dióxido de carbono (CO²).


Há quatro anos, Roberto Gomes de Mattos pensava apenas em diminuir os custos de sua produção para aumentar a rentabilidade de sua empresa de cerâmica vermelha. Assim, procurou uma consultoria especializada para encontrar alternativas à queima de derivados de petróleo e lenha utilizada na produção de seus produtos.

Em abril de 2006, Mattos iniciou o projeto de substituição desses combustíveis por lenha de manejo, bagaço de coco babaçu, podas de cajueiros e pó de serraria. Além da desejada queda dos custos de produção e do aumento da lucratividade, o industrial conseguiu tornar sua empresa social e ambientalmente correta.

``Em 2007 e 2008, deixamos de emitir mais de 114 mil toneladas de CO² (dióxido de carbono) na atmosfera. E foi isso que vendemos ao Banco Mundial, que é o controlador das transações de compra e venda de carbono. Recebemos com isso R$ 1, 324 milhão no mercado paralelo``, afirma Mattos.

Hoje, já com consciência ambiental, Mattos planeja ``zerar o carbono`` produzido em seu escritório e com isso, vender mais créditos no mercado. ``Vamos tirar o ar-condicionado, reutilizar a água, usar a iluminação natural, energia solar, entre outros``, afirma.






Mercado promissor


De acordo com o diretor executivo da Cantor CO²e, Divaldo Rezende, pioneira no País em projetos relacionados ao crédito de carbono, o mercado é bastante promissor.

``A projeção é de que o Brasil venha a ter a entrada de recursos na ordem US$ 350 milhões por ano no mercado de crédito de carbono``, avalia Rezende.

Para ele, até 2020, a estimativa é que o mercado movimente US$ 3 trilhões no mundo todo.


E-Mais


De acordo com o diretor-executivo da Cantor CO²e, Divaldo Rezende, a questão da mudança climática na atualidade, não está só ligada à temperatura, mas também mexe no bolso. Além disso, outra preocupação está em relação às previsões do aumento de refugiados ambientais.

Entre 7 e 18 de dezembro, será realizada a 15ª Conferência das Partes (COP 15), realizada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Segundo Rezende, o crédito de carbono permeará nas discussões.

Entre as questões está a elaboração de novas metas para redução da emissão de gases poluentes; discutir quem será o financiador dos países em desenvolvimento neste processo; criar mecanismos eficazes que abriguem contribuições voluntárias em projetos

Para Rezende, trata-se de resoluções difíceis, já que é preciso ter unanimidade entre os países que participarão da Convenção.



Sandra Nagano


nagano@opovo.com.brEste endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo


16 Out 2009 - 00h22min







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