segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Impactos das mudanças climáticas no Brasil

Pesquisas do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) apontam que o Brasil é um país vulnerável à mudança climática, sendo que em muitas regiões brasileiras o ano de 2007, por exemplo, iniciou com chuvas intensas e suas drásticas conseqüências: enchentes, deslizamentos, desmoronamentos, perdas agrícolas, etc.

Todas as regiões do país serão afetadas, em especial a Amazônia, onde o aquecimento pode ser de até 8ºC. A floresta densa e alta pode transformar-se numa vegetação rala, semelhante ao cerrado. Carlos Nobre, pesquisador do INPE, chama o fenômeno de “savanização” da Amazônia. A perda da floresta causará impacto no país inteiro, pois o clima da Amazônia influencia a circulação de ar sobre os oceanos Atlântico e Pacífico, afetando o restante do país.

A seguir temos as principais conclusões do projeto “Caracterização do clima atual e definição das alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do Século XXI”, elaborado pelo CPTEC/INPE em conjunto com outras instituições:




  1. Com o aquecimento global, algumas regiões do Brasil terão seus índices de temperatura e chuva aumentados, e em outras, diminuídos. Chuvas isoladas serão mais violentas e os temporais mais freqüentes. Aumento dos extremos de temperatura, com aumento nas temperaturas diurnas e noturnas de forma mais intensa no inverno.

  2. No que concerne à população, aqueles com menos recursos e que têm menor capacidade de se adaptar são os mais vulneráveis. O Nordeste é a região mais vulnerável às mudanças climáticas. O semi-árido Nordestino pode transformar-se em região árida, afetando a agricultura de subsistência regional, a disponibilidade de água e a saúde da população, obrigando as populações a migrarem, gerando ondas de “refugiados do clima” para as grandes cidades da região ou para outras regiões, aumentando os problemas sociais já presentes nas grandes cidades.

  3. A mudança climática poderá alterar a estrutura e funcionamento dos ecossistemas, com a conseqüente perda de biodiversidade e de recursos naturais, intensificados pelo desmatamento provocado pelo homem. Alterações das rotas migratórias e mudanças nos padrões reprodutivos são alguns desses efeitos, tendo como conseqüência o desaparecimento de plantas e animais que vivem em equilíbrio com as florestas. Temese que a capacidade de absorção de carbono das florestas tropicais, muito sensíveis à mudança climática, diminua com o tempo, e que estas deixem de funcionar como sumidouro de carbono e passem a ser fonte de emissão deste gás. No pior cenário, a Amazônia pode virar savana até final do Século XXI devido ao aumento na concentração de gases de efeito estufa.
  4. Os recifes de corais são especialmente vulneráveis às mudanças na temperatura da água - calcula-se que um aumento entre 3 e 4 graus causaria sua morte.

  5. A mudança climática pode causar um aumento do risco de incidência de doenças como malária, dengue, febre amarela e encefalite, que teriam condições mais favoráveis para se expandir num planeta mais quente, em parte porque os insetos que as carregam (caso da malária e da dengue) teriam mais facilidade para se reproduzir. Esta também aumentará o risco de contrair salmonelose12, cólera e outras doenças de transmissão por meio da água. Doenças respiratórias também poderiam ser mais comuns como conseqüência de um possível aumento na incidência de incêndios na floresta e vegetação da Amazônia e cerrado, devido a redução de chuva numa atmosfera mais quente e mais seca.

  6. Além disso, teme-se que milhares de pessoas morram anualmente como conseqüência das ondas de calor, especialmente os mais vulneráveis como crianças e idosos. A queda da produtividade agrária também agravará a desnutrição, que hoje em dia já afeta 800 milhões de pessoas globalmente.

  7. Em todas as grandes cidades, o aquecimento global também deve aumentar o problema das ilhas de calor, no qual prédios e asfalto retêm muito mais radiação térmica do que nas áreas não-urbanas.

  8. As mudanças climáticas no Brasil ameaçam intensificar as dificuldades de acesso à água. A combinação das alterações do clima, na forma de falta de chuva ou pouca chuva acompanhada de altas temperaturas e altas taxas de evaporação, e com competição por recursos hídricos, pode levar a uma crise potencialmente catastrófica, sendo os mais vulneráveis os agricultores pobres, como os agricultores de subsistência na área do semi-árido do Nordeste (“polígono da seca”), região semiárida de 940 mil km2, que abrange os nove Estados do Nordeste, e enfrenta um problema crônico de falta de água.



    Segundo dados extraídos dos Relatórios de Clima do INPE as mudanças climáticas por região do Brasil englobam:

    NORTE:

    A temperatura pode subir até 8°C com redução de até 20% no volume de chuvas, trazendo perdas nos ecossistemas e biodversidade na Amazônia; mais eventos extremos de chuvas e secas; baixos níveis dos rios; condições favoráveis para mais queimadas; impactos na saúde e comércio; efeitos no transporte de umidade para as regiões Sul e Sudeste do Brasil.

    NORDESTE:

    A temperatura pode aumentar até mais 4°C e o clima podem ficar até 20% mais seco; mais veranicos; clima pode transfirmar-se de semi-árido para árido; alta taxa de evaporação pode afetar o nível dos açudes e agricultura de subsistência; escassez de água (mais ainda); migração do campo para as cidades (refugiados do clima).

    SUDESTE:

    Aumento de até 6°C na temperatura, com extremos de chuva e seca; impactos na agricultura como, por exemplo, retração do café; problemas de saúde e geração de energia; aumento de chuvas e inundações, trazendo consigo doenças como leptospirose e diarréias; cidades litorâneas vulneráveis com a elevação no nível do mar, sendo a cidade do Rio de Janeiro uma das mais vulneráveis.

    SUL:

    A temperaura pode subir até 6°C, com mais eventos intensos de chuva; aumento na freqüência de noites quentes; altas temperaturas e chuvas intensas podem afetar a saúde da população; impactos na Araucária, agricultura, geração de energia e recursus hídricos, juntamente com o Sudeste, pode vir a receber levas de imigrantes do Nordeste. Pode tornar-se mais susceptível a eventos extremos com o furacão Catarina, que atingiu a região em 2004.

    CENTRO-OESTE:

    Pode ficar até 6°C mais quente, com mais eventos extremos de chuva e seca; impactos no Pantanal e Cerrado, com perdas na biodversidade; altas taxas de evaporação e veranicos com ondas de calor, afetando saúde, agricultura e geração de energia.


    Pessoal, dêem uma olhada nesse vídeo do greenpeace que mostra os efeitos do aquecimento global no Brasil, com cenas impressionantes da Amazônia, precisamos nos mobilizar e fazer algo urgente.
    Um dos dados que tenho recente é do relatório Stern que está sendo realizado para o Brasil, que mostra que as plantações de café, que influenciam muito a economia do Brasil, vão ter que mudar de região devido ao aumento da temperatura nas regiões em que o café é cultivado.

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