domingo, 13 de setembro de 2009

Os prédios verdes são mais lucrativos

O arquiteto americano especializado em prédios ecologicamente corretos diz que esses lugares ajudam a aumentar a produtividade e a reduzir gastos.



Por Ana Luiza Herzog



Revista Exame - 11/04/2007


O alemão Volker Hartkopf, titular do curso de arquitetura da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, defende a tese de que o lucro será maior nas empresas instaladas em escritórios sustentáveis e que levam em conta o bem-estar dos funcionários.


EXAME: Qual a diferença entre trabalhar num prédio ecologicamente correto e num edifício comum?


Volker Hartkopf: As empresas produtivas serão aquelas que levam em conta o bem-estar dos funcionários. Não há como ser eficiente num ambiente escuro e com um ar-condicionado que vive emperrado.


Quais são os ganhos de produtividade dos funcionários nos prédios "verdes"?


Ao aumentar a ventilação nas áreas onde as pessoas circulam, a produtividade pode crescer até 15%. Nas escolas, a iluminação natural tem capacidade de aumentar em cerca de 30% a capacidade de aprendizado dos alunos.


Existem também ganhos na redução de custos?


Os edifícios verdes podem gerar mais energia do que consomem. Isso representa uma enorme economia de dinheiro. Mas há um ponto mais importante. Nos Estados Unidos, os prédios convencionais consomem 70% da energia disponível no país. Nas grandes cidades da China, a necessidade adicional de energia para manter ligados os aparelhos de ar-condicionado exige que uma usina seja construída por semana. Isso não é sustentável.


Se a vantagem é tão óbvia, por que todas as empresas não migram para edifícios ecologicamente corretos?


Os projetos de edifícios verdes são mais caros. Aos poucos, porém, as companhias estão percebendo que o investimento compensa a médio e longo prazo, em termos de redução de custos e ganhos de produtividade dos funcionários.


O fenômeno do aquecimento global pode acelerar essa tendência?


Sim. Com a ameaça do aquecimento global, os prédios terão de passar por mudanças dramáticas. Para ter uma idéia, hoje são necessários diariamente cerca de 40 watts extras de energia elétrica per capita para o sistema de ar condicionado aplacar o calor que sente um executivo obrigado a vestir terno e gravata num clima quente.


Para ser um prédio ecologicamento correto, basta implantar políticas de reciclagem de lixo e sistemas como o de energia solar?


Não, esse é um universo muito mais complexo. Uma das características principais desses edifícios é sua flexibilidade de espaços internos. Os novos prédios são concebidos para facilitar o processo de reordenação dos departamentos, algo muito comum nas empresas. Participei recentemente do projeto de um edifício em Ohio, nos Estados Unidos, que foi concebido com essa preocupação. Hoje, ele chega a economizar quase 1 milhão de dólares por ano em mudanças internas. Outra característica importante dos novos edifícios é que eles permitem aos funcionários controlar a seu gosto variáveis como temperatura e luz.


Quais prédios estão mais sintonizados com esse modelo?


A unidade da IBM em Paris, na França, é exemplar. Com o uso de tecnologias simples, cada empregado pode controlar a quantidade de luz que deseja, a temperatura do ar e a altura das persianas, entre outras coisas. Resultado: os funcionários simplesmente amam trabalhar naquele prédio.

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