sábado, 12 de setembro de 2009

Para Fiesp, Brasil deve apresentar meta climática menos agressiva do que os países ricos

Posição brasileira sobre redução de gases de efeito estufa não pode comprometer o desenvolvimento econômico do País, defende a entidade



O Brasil não deverá assumir o mesmo compromisso que os paises desenvolvidos e outros emergentes como Índia e China nas negociações sobre mudanças climáticas, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).



A entidade avalia que o Brasil vem fazendo "seu papel" e já mantém uma proporção bem maior de fontes renováveis com uma matriz energética limpa, e espera que os países desenvolvidos apresentem uma proposta mais ousada sobre a redução de gases de efeito estufa.

"Os países ricos desmatam suas florestas desde o século passado [...] Nós que sempre conservamos nossas matas não podemos ser responsabilizados. Eles têm que nos deixar continuar com o nosso desenvolvimento", argumentou o vice-presidente da Fiesp, João Guilherme Sabino Ometo.

"Não podemos pagar o pato", completou Ometo, após reunião com o ministro do Meio Ambiente da Dinamarca, Troels Lund Poulsen, cujo país será sede da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-15), que será realizado em dezembro. Desta reunião, sairá um novo acordo climático global que substituirá o Protocolo de Kyoto, firmado em 1997.

Questionado sobre a posição que os Estados Unidos deveriam assumir na COP-15, o ministro dinamarquês desconversou. Disse que a União Européia espera algo ofensivo e lamentou a ausência do país de Obama no Protocolo Kyoto.



Metas.



Os Estados Unidos já sinalizaram que se comprometem a manter uma redução de 17% nas emissões de gases de efeito estufa, contra os 20% da União Européia, até 2020. Já o governo brasileiro trabalha com uma meta bem mais agressiva, de 30%.


A Fiesp não comentou as metas do governo, mas defendeu que esta redução não seja maléfica ao desenvolvimento econômico do País. Disse ainda que a queda das emissões brasileiras deve ser realizada em menor velocidade, em comparação com os países desenvolvidos.

Para o diretor de Energia da Fiesp, Carlos Cavalcanti, independentemente da posição do governo, o Brasil não deve aceitar as metas da União Européia e Estados Unidos e nem se "misturar" com a China e a Índia, cujos esforços para mudança de matriz energética serão enormes.

Para entrar no jogo, os Estados Unidos e a União Européia devem começar a adotar uma meta de no mínimo 25%", explicou Cavalcanti.

Sobre os bicocombustíveis, o dinamarquês defendeu o uso do etanol brasileiro na União Européia como forma de tornar suas matrizes energéticas mais limpas. No entanto, disse que esse "negócio" não sairia de graça para o Brasil. Valendo-se de uma metáfora, disse: “Vocês [Brasil] não terão o almoço de graça”, disse o ministro.



Fábio Rocha, Agência Indusnet Fiesp

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